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"Sinceramente ante tudo: sou uma mulher proto-madura, um tanto fashion-victim cerebral, fumadora inveterada de SG Ventil, casadíssima até à medula com o Prémio Nobel dos Maridos e sem filhos para acrescentar ao IRS. .
E não ter filhos para mim significa não usufruir dos cem euros que o Governo espanhol destina às mães ?trabalhadeiras? para poder acordar ressacada ao domingo e transferir-me automaticamente para o sofá com o nobre propósito de engolir TV-Trash até à exaustão e alimentar-me de comida de plástico; estoirar o limite do cartão de crédito por culpa de um vestido da última colecção da Jocomomola sem morrer de arrependimento judaico-cristão; ou financiar cêntimo a cêntimo os desafinados aprendizes de violinistas que animam as minhas viagens no Metro de Madrid. .
Não é que me imagine num futuro próximo vestindo o papel de Mãe Moderna e Democrática, simplesmente não estou preparada psicologicamente para um desafio deste calibre, só comparável à escalada do Everest, descalça e de marcha atrás. Digamos que o complexo de Peter Pan me assenta como uma luva da Gucci, mas de imitação, que com tantos gastos inúteis o dinheiro não chega para tudo."
Rita Barata Silvério in DNA
Uma das melhores crónicas por que passei os olhos nos últimos meses.
Bruno Costa
pensarsardoal@hotmail.com
# Colocado por PensarSardoal @ 22:03
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