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A GESTÃO DOS MEDIA REGIONAIS E LOCAIS (b)
Em geral, o sector da comunicação social regional e local, pode ser caracterizado pelos seguintes aspectos:
a) as estruturas organizacionais são muito frágeis e estão excessivamente personalizadas;
b) observa-se uma falta de espírito de cooperação entre as empresas para desenvolver projectos conjuntos;
c) a quantidade de jornais e rádios locais existentes torna o sector muito fragmentado, e dificulta o planeamento do investimento publicitário; d) existe alguma dependência dos apoios do Estado, como é o caso do Porte Pago;
e) a grande maioria das empresas carece de um maior espírito empreendedor e de uma maior orientação para o mercado da informação.
Apesar de toda a fragilidade referida, é de enaltecer a existência de algumas empresas de comunicação social regionais e locais que têm revelado um grande esforço de qualificação e profissionalização. Nestes casos, a criatividade na gestão de meios tem-se traduzido em melhorias significativas do produto e das audiências. Por exemplo, ao nível da imprensa, existem alguns jornais regionais, auditados com a APCT, com tiragens que se situam entre os 15 mil e 30 mil exemplares. Alguns destes meios têm níveis de circulação paga muito interessantes.
Hoje em dia para produzir e difundir informação, mesmo a de âmbito regional e local, é necessário elevar o nível de profissionalismo. Por isso, a comunicação social deve fazer um grande esforço no sentido de se orientar mais para o mercado e adoptar técnicas de gestão e marketing como forma de apoiar a integração dessas empresas no mercado da informação, que é cada vez mais competitivo.
De acordo com a informação disponível sobre a chamada reforma Barreiras Duarte para os média regionais e locais, parece-me extremamente importante o sector numa perspectiva integrada e estratégica. Esta reforma tem um conjunto de medidas, com um efeito mais estruturante do que o Porte Pago, como, por exemplo, a criação de um plano específico de emprego e formação para o sector. A filosofia da reforma parede inspirada num conhecido provérbio chinês: em vez de dar um peixe, é preferível ensinar a pescar. No entanto, o projecto de reforma ainda vai mais além do referido provérbio, na medida em que durante um período de três anos, o Governo não só irá dar o peixe como também a cana.
Neste sentido, o esforço que o Estado irá fazer nos próximos três anos através da criação de apoios extraordinários deverá ser acompanhado de um esforço de reorganização empresarial e maior qualificação dos recursos humanos.
Paulo Faustino
Doutorado em Comunicação Social na Universidade Complutense de Madrid
# Colocado por PensarSardoal @ 21:35
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