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ZÉ POVINHO SEM UTOPIA
Ensaios sobre o estereótipo nacional Português.
E aí temos, em suma, o nosso estereótipo nacional Zé Povinho, como um nó simbólico de frustrações misérias, indecisões, incapacidade e deficiências estruturais, históricas e psíquicas, o Zé sem metafísica, mas sobretudo, sem utopia, incapaz de utopizar, tão só susceptível de explodir nos momentos de mais intolerante tensão ou excesso de miséria e sofrimento anímicos.
Não há nele qualquer vontade de fundar uma Babel ou de arrasar a antiga Babilónia, ou seja, de qualquer desejo radical e subversor de modelar na prática uma politeia totalmente refeita e feliz. Conformado e conformista, alheio à política e dela vendo apenas o lado de pantomina e burla de que ele acaba por pagar as favas, como "ZÉ PAGANTE" que ontologicamente é, o nosso povo revê-se com fidelidade na auto caricatura desse estereótipo.
Só de quando em quando, em dias deveras tempestuosos, o Zé explode ou exibe, aos que o atormentam e cardam com impostos e fretes, o seu gesto mágico e fálico, o manguito
Autor: João Medina
Edição: Câmara Municipal de Cascais - Instituto de Cultura e de Estudos Sociais
Data de Edição: 2004
# Colocado por PensarSardoal @ 21:38
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