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ROTEIRO POÉTICO DO SARDOAL (5)
ESCOLA PRIMÁRIA
Subíamos os degraus, devagarinho,
Escondendo a fisga ou um peão,
Guardando uma conversa de ir ao ninho
Em cada parágrafo da lição...
Subíamos os degrau, para outra vida,
Deixando os sonhos, renegando fantasias,
Aquela casa era a chegada e a partida
Duma viagem que se faz todos os dias...
Com a bata branca, como espelho,
E uma pedra preta, bem riscada,
Procurando recordar o livro velho,
Quando do muro alguém gritava: Entrada!
E, depois era o silêncio a contrastar
Com a voz grossa do austero professor
Prometendo um castigo, para ensinar,
O criminoso que quebrara aquela flor!...
E havia, quase trémula, uma oração
E uma pátria quase escrita em tom cinzento,
Reis-heróis a enfeitar a redacção
Em feroz batalha com o nosso pensamento...
Obedientes, perfilados nas carteiras,
Cantando a música das páginas da tabuada,
Olhando o Sol, pelas frechas das roseiras
E sempre à espera da primeira reguada...
Cada um tinha um espaço, e o seu lado,
Havia um sexo nos conceitos de moral,
Porque um olhar de criança era pecado
E nessa Escola se cumpria Portugal!...
M.J.S.
# Colocado por PensarSardoal @ 19:34

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