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PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO (III)
QUE PATRIMÓNIO ARQUITECTÓNICO?
Julgamos ser ponto assente a importância dos símbolos do passado (PATRIMÓNIO), ainda que seja uma questão nem sempre possível de objectivar, porque como já disse, nem tudo o que é do passado interessa.
Efectivamente o passado, ou seja a leitura do passado contém uma certa carga subjectiva e não é imutável, depende nomeadamente do nosso presente, pelo que a definição clara do património arquitectónico a conservar é algumas vezes polémica, tanto mais que o problema não é exclusivamente de ordem afectiva ou cultural mas também de carácter económico.
O conceito de património arquitectónico estava limitado aos palácios, castelos e aos grandes monumentos, mas que se alargou a edifícios menos nobres, porque se reconheceu o valor dos conjuntos (a rua típica, a praça ou um trecho de rua) independente dos monumentos que possam conter ou não.
Saber como e o que preservar é teoricamente compreender a “memória colectiva” do aglomerado, o seu presente e as perspectivas de futuro e em que no que se refere à memória colectiva a única forma correcta de a definir é através de uma prospecção sociológica e psicológica a efectuar nos locais em que seja possível determinar o que interessa preservar para que a imagem do passado subsista e se substitua o que é dispensável.
INTERVENÇÃO NA CIDADE EXISTENTE
Quando se fala da defesa do património arquitectónico está-se implicitamente a falar de intervenção na cidade existente, sendo embora outra questão ela está intimamente associada àquela.
De facto a ideia de que ter um plano de intervenção (renovação urbana) é já intervir ou meio caminho andado, é não só errado, inconsequente e desprestigioso para o planeamento urbano.
Não vamos aqui desenvolver o conceito de intervenção na cidade existente todavia “grosso modo” julgamos que o êxito da intervenção está na definição de uma metodologia que englobe todos os agentes envolvidos (licenças de obras, regulação de tráfego, créditos aos proprietários para melhoria das construções, reforma da iluminação pública, equipamentos etc.), por forma a tornar o plano consequente e verdadeiramente actuante.
CONCLUSÃO
Foi meu objectivo, ao escrever este ensaio, desmistificar e contribuir para o esclarecimento do que é o património arquitectónico, fundamentalmente reconhecendo o valor intrínseco do passado sem menos prezar o presente.
Júlio de Oliveira Leitão, Arquitecto, in Boletim Cultural nº9-Maio/Junho de 1987
# Colocado por PensarSardoal @ 17:54
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