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UMA POETISA NO SARDOAL (I)
CRÓNICA DOS BONS LAGARTOS
Em terras de pinheiros e pinhal,
Há pinhas de contraste bem vincado,
E n’este clima tão emocional,
Ficou o Sardoal localizado.
É terra de costumos ancestrais,
Vestidos de roupagem mais moderna,
Não há florais, mas há os editais,
Veio o café, e acabou a taberna.
Há servidores, há nobres, há vilões,
E os nobres vão a frente com o facho,
Aos servidores os nobres dão dobrões,
Mas aos vilões, está interdito o tacho.
Também é bom ter a candeia acesa,
Quer aos diabos, quer aos serafins,
Para os direitos e legalidades,
Moralidades e coisas afins...
Há grupos e grupinhos agrupados,
Que falam dialectos divergentes,
E embora coexistam educados,
Uns são saudáveis, outros são doentes...
Auto-idolatrias consentidas,
São velhas anedotas do Bocage,
Há meias tintas pouco esclarecidas,
E há um povo sereno que não age...
E quanto aos medíocres pretensiosos,
Começam todos a pagar imposto,
Fica o Concelho com bens preciosos,
E acaba-se de vez com o mau gosto...
E n’este Sardoal de antigamente,
Onde o tempo que passa não passou,
N’um clima morno, que é por vezes quente,
Um poeta vilão exorbitou!...
Poema de MARIA HELENA SERRAS PEREIRA, in Boletim Cultural nº9-Maio/Junho de 1987
# Colocado por PensarSardoal @ 17:15
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